Essa história terei que contar para os meus netos porque vou alertá-los sobre o perigo de confiar totalmente nas águas do mar e também sobre as vantagens de se manter calmo mesmo em momentos de grande tensão. Serenidade conduz a melhores escolhas.
Todo verão viajava com um grupo de amigas que, como eu, são professoras e tirávamos férias juntas. Sempre combinávamos de viajar e neste ano da história fomos para Porto Seguro.
Foi uma semana maravilhosa, com muitos passeios em praias, locais históricos para conhecer, parques aquáticos, cidadezinhas hippies… enfim, muito bom mesmo.
Num desses passeios fomos até uma ilha e iríamos ficar um tempo para almoço, não lembro bem… mas ficaríamos um pouco por ali e depois retornaríamos para a cidade.
Ficamos próximas a água, eu estava sentada molhando os pés, uma colega em pé do meu lado e as outras duas dentro da água, uma boiando deitada e a outra ao lado dela auxiliando. Do nosso lado um barco ancorado, cheio de gente, ouvindo música, comendo e bebendo.
De repente, muito de repente, a maré encheu, a colega que estava boiando, não sabia nadar, desequilibrou e começou a afundar e ser puxada pela maré, a colega que estava ao lado dela auxiliando ficou ali tentando puxar e já estava sendo levada também pela força da maré. A menina que estava do meu lado falou que ia para lá puxar as duas que estavam se afogando.
O engraçado é que tudo isso que eu estou contando durou uns 15 ou 20 segundo no máximo, e observem que ninguém do barco ancorado percebeu o que estava acontecendo ao lado deles…
Eu levantei e disse para a minha colega que se ela fosse ela também seria puxada. Finquei o pé na areia bem forte, estiquei o braço e falei para ela me dar a mão e também estender a mão para a moça que auxiliava a que boiava e ela estendeu também, segurou bem forte na mão da menina que estava boiando inicialmente e puxamos. Dessa forma, o que seria uma tragédia com quatro pessoas arrastadas pela correnteza do mar virou um super salvamento de quatro vidas.
imagem ilustrativa (acervo pessoal).
Tive que pensar rápido, com frieza. Não dava tempo de errar. Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida das minhas amigas, pela minha vida também. Agir no ímpeto nem sempre dá certo, temos que vislumbrar as consequências.
Saímos da água e ficamos quietas, olhando umas para as outras. Ninguém tinha coragem de falar o que quase aconteceu.
Já no ônibus, a primeira colega que ia se afogando, virou para gente e disse:
_ Ninguém conta nada para minha mãe.
#Dia #09: para contar para os netos
Feliz ano novo sempre!!! Gratidão pela vida!
Renata